PAVILHÃO, evento realizado na Casa França-Brasil, é um desdobramento de um recente seminário realizado na Casa que discutiu cultura em tempos de crise. Museus, espaços independentes e programas educativos do Rio de Janeiro se reúnem novamente, no mês de julho, para abrir seus gabinetes de curiosidades.
Participaram do PAVILHÃO Casa França-Brasil: A MESA, casamata, CCBB, Despina | Largo das Artes, EAV Parque Lage, És Uma Maluca, MAM-Rio, MAR, Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, Museu da Maré, Museu Histórico Nacional, Olho da Rua, Paço Imperial, e outras ações relacionadas à exposição
És uma Maluca no Pavilhão:
O mercado de arte, em essência, não se diferencia de qualquer outro segundo as lógicas e regências básicas do capital. Nesse sentido, as aparências não necessariamente correspondem a uma essência, já que aquelas estão quase sempre submetidas a uma hierarquia que preza primordialmente pela negociação em si, enquanto sinônimo de lucratividade e serventia as demandas que retroalimentam a mesma lógica. Essa negociação se mostra/está protegida e disfarçada por um discurso convincente que se arquiteta e se justifica pelo labor de uma cadeia na qual o artista, criador primeiro e indispensável, se vê no último patamar. E é justamente nessa hierarquia sistêmica que aquilo que se mostra não corresponde ao que se é, dissimulando o real desdobramento que insurge: a invisível obratização das funções dessa cadeia. É como se todas as funções, responsáveis por colocar a obra/produto no mundo, ganhassem invisivelmente o status de obra para justificar sua crescente valorização, ao passo que o artista, também obratizado por ser afinal o próprio criador, não necessitasse ser valorizado enquanto profissional já que a obra em si o é.
Nossa Obratização, instalada no evento Pavilhão, não somente reflete sobre essa ordem como propõe uma literal experimentação em que o coletivo, na função de obra, ambienta e se torna o próprio debate com a instituição/espectador/consumidor.
Para este mesmo evento, foi realizada uma chamada pública de artistas que estivessem interessados em participar do Ocupa Maluca. Nesta convocatória, o lugar para exposição permaneceu oculto, uma vez que o coletivo deixou de ter um espaço físico na Zona Norte. Utilizando como único critério seletivo apenas a ordem de recebimento das propostas, o EUM opta por uma não-curadoria e possibilita que os artistas inscritos participem do evento na Casa França-Brasil, apresentando seus trabalhos e conversando sobre seus processos criativos com o público/participante. O Ocupa Maluca é, portanto, deslocado da Zona Norte da cidade, local de sua origem, para o Centro, em uma ocupação simbólica que transborda os limites do convite ao coletivo, ampliando o espaço de visibilidade a outros artistas.